sexta-feira, dezembro 29, 2006

GOVERNO DA HUILA PAGA JORNALISTAS “ PREMIADOS” COMO OS MAIS DESTACADOS DO ANO.

“Não se é Jornalista sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia... mesmo estando desempregado” assim diz, com frequência, um companheiro ( tomo esta liberdade de chamar de amigo, o “bloguista” e jornalista de “primeira linha”, o luso – angolano Orlando Castro). Conheço profissionais que fazem do jornalismo uma missão. Os sacrifícios são enormes e as compensações, volta e meia, nulas. Há pressões variadas de defensores de objectivos desconhecidos; afastamentos compulsivos por se pensar diferente ou até mesmo castigos físicos ou veladas e encapotadas ameaças contra jornalistas. Estamos a viver uma nova era ou não? Foi entregue nesta sexta feira o prémio provincial de jornalismo da Huíla. O resultado não poderia ser mais surpreendente, pela positiva e pela negativa. O despacho noticioso da Angop é interessante “ O jornalista da Agência Angola Press (Angop) Morais Augusto da Silva é o vencedor da terceira edição do prémio provincial de jornalismo na Huíla, organizado pelo Sindicato de Jornalistas de Angola (SJA) com apoio do Governo provincial. Ao vencedor, que exerce a profissão há seis anos na Delegação Provincial como editor principal, foi entregue o montante de quatro mil dólares. Na mesma senda foram distinguidos, com menções honrosas na categoria de imprensa, o jornalista Moisés Sachipangue do Semanário "Cruzeiro do Sul", revelação para Arão Martins, do Jornal de Angola, de audiovisuais para Domingos de Sousa, da Televisão Pública de Angola (TPA) e de Rádio Difusão para Esperança Java, da Rádio Nacional de Angola (RNA), aos quais foi entregue 500 dólares cada. Já arrebataram o prémio provincial de jornalismo da Huíla, os jornalistas Machel da Rocha, da "Rádio 2000", em 2004, e Celestino Gonçalves, da Rádio 5 em 2005”. Ora, onde está o problema? Sim, o governo provincial está por detrás da iniciativa. .Parabéns aos vencedores, que os conheço totalmente.

Colera grassa Huila

Acredita-se que para a eliminação efectiva da cólera no município do Lubango para alem das medidas que já foram tomadas pelo ministério da saúde como ferver a agua para beber lavar as mãos antes e depois das refeições depois de utilizar a casa de banho as frutas limpar as ruas e enterrar o lixo o sector da saúde na província da Huila em particular do município do Lubango precisa de passar a outra fase com outras medidas acrescida. Esta fase devera ser completamente também com a medida de separar ou seja retirar as tendas de internamento de doentes com a cólera naquele lugar pois que fazendo bem a analise da situação aquelas tendas estão muito próximas do lugares onde são feitas as consultas pré – natais, consultas externas das doenças de transmissão sexuais e a praça onde muitas das vezes os familiares dos doentes ali vão para procurar algo que lhes mate a fome.

Não se compreende como é que a direcção provincial da saúde da Huila anda com os olhos fechados perante besta situação considerada como um meio muito forte e rápido de transmissão da cólera. Mesmo que a rede azul que divide os sectores já referenciados acima, pensamos que ela não será suficiente para travar os micróbios da cólera. É preciso compreender que este nosso ponto de vista não tem argumentos cientifico partiu de um simples olhar da realidade de como aquele recinto hospitalar esta dividido. Entre tanto temos ou não a razão, não queremos ficar indiferente das preocupações manifestada pela população que diariamente procuram aquela maternidade as consultas externas o tratamento e conselhos referentes as DTS e praça que fica ali ao lado. Seria muito humano se a direcção da saúde e a que foi criada pelo governo provincial da huila para combater a cólera procurasse outro lugar com novo equipamento, mesmo que o kumbu já esteve o outro destino. E preciso entender antes de tudo as necessidades primarias da população, ajudando-lhes encontrar soluções próprias que permitam evitar doenças e outras calamidades. Lubango, aos 24.10.06 Francisco Pólo Tchivela-vela.

Reconstrução vs Cidadania

Neste momento particularmente diferente de todos os tempos da historia angolana, acredita-se que todo o angolano de raiz é chamado para dar o melhor de si, não só para a reconstrução nacional que a época exige mas como também para ajudar o governo em diminuir a pobreza que atingiu muito cedo a maioria da família angolana. Entretanto, nesta tarefa, que é confiada a cada um, muitas perguntas surgem: Valerá apenas ou não que cada angolano deia o melhor de si, já que depois de passarmos para a fase da reforma somos totalmente esquecidos pelos fortes desta época. O exemplo desta realidade é assistido em cada fim do mês em que muitas das vezes aqueles que no passado muito recente deram o melhor de si para o desenvolvimento desta província são obrigados a permanecerem aglomerados durante semanas afim de levantarem as suas pensões de reforma. Muitas instituições publicas da cidade capital, nunca tiveram a mínima ideia do quanto é que aqueles velhos deram para este País, porque senão já deveriam desdobrar espaços que permitissem que aqueles velhos recebessem mais espaços como no passado. Seria justo e ate humano se os responsáveis daquelas instituições que foram confiadas a missão de atenderem as preocupação dos reformados que tivessem outras atitudes, verdadeiramente humana para se encontrar outro lado da vida daqueles que muito contribuíram para o desenvolvimento do país. É preciso compreender que se as crianças no seu dia-a-dia caiem os mais velhos não escaparão, quer dizer na lei da vida ninguém escapará da velhice, ainda que a caminhada venha ser lenta demais, lá chegaremos. Na verdade é necessário que se arranje um novo modelo adaptável aos reformados para que se produza uma determinada forma de vida social que permitirá por sua vez que estes velhos atinjam outros objectivos, valores falta de comportamento que darão coesão à realidade social actual, proporcionando uma justificação fundamental da vida e a sua forma de ser básica. Por Francisco Polo Tchivela-vela, no Lubango

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Lubango na objectiva de um admirador da cidade (II)

Lubango, vista parcial.

Lubango na objectiva de um admirador da cidade

Lubango, a cidade jardim de Angola. Foto: Jardim e fonte luminosa junto a sede do Governo Provincial da Huila.

terça-feira, dezembro 26, 2006

Diário de um espião

Hollywood poderá vir a adaptar para o cinema um livro escrito pelo ex-espião russo Alexander Litvinenko, que morreu em Novembro em Londres após ser envenenado com polónio radioactivo. O grupo Braun Entertainment, com sede em Beverly Hills (Los Angeles), adquiriu uma opção de compra dos direitos cinematográficos do livro «Blowing Up Russia». Um dos actores pensados para encarnar Litvinenko no grande ecrã é Daniel Craig, famoso por interpretar James Bond na última versão do conhecido agente secreto, «007 - Casino Royale». No livro, Litvinenko afirma que o Serviço Federal de Segurança russo (FSB), sucessor do antigo serviço de espionagem soviético KGB, esteve envolvido nos atentados de 1999 contra edifícios residenciais de várias cidades russas, que causaram quase 300 mortes. Apesar de o Kremlin ter culpado separatistas chechenos pela onda de ataques, o ex-espião afirma que o FSB organizou o massacre para legitimar a segunda guerra na Chechénia e levar o então primeiro-ministro Vladimir Putin à presidência russa. O ex-espião, que vivia exilado no Reino Unido e cuja estranha morte é investigada pela Scotland Yard, acusou Putin de estar envolvido no seu envenenamento numa carta tornada pública logo após sua morte. FONTE. JORNAL ON LINE " DIÁRIO DIGITAL"

DEFINIÇÃO (?)

"A vida, ou é uma aventura excitante ou então, é nada" AUTORA: Helen Keller

O poeta!

O poeta é um fingidor finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente E os que lêem o que escreve na dor lida sentem bem não as duas que ele teve mas só a que não têm"

Natal: uma fronteira entre a fome e a opulência.

Um dos sinais dos tempos modernos da nossa sociedade é a falta de solidariedade para com o próximo, mesmo o mais próximo, ou o distante. Solidariedade, um palavra linda, é por mim repetidamente motivo de reflexão profunda. Das bocas de alguns “ defensores do templo” ouvimos por estes dias palavras de calor dirigidas a quem sobre. Serão palavras reais ou rimas sinistras montadas com ridículas operações de charme. È assim em Luanda e é assim no Lubango, em Cabinda e Kuito. Aqueles que encheram os bolsos com dinheiro fácil, arranjam tostões furados para crianças de barriga inflamada e cabelos acastanhados. Grande cinismo, mas pura realidade. O ritual repete-se, fastidiosamente, ano após ano. A dose deste teatro, orquestrado nos mais adornados apartamentos e vivendas, sobe de tonalidade. São os tempos que correm com os seus conceitos materialistas beirando a rotura de um sistema de coisas aparentemente felizes de fora, mas por dentro pronto a cair de podre.

Cólera “corre” para a Humpata

A doença atingiu esta semana, sem apelo nem agravo, o pitoresco município huilano da Humpata. Segundo dizem do terreno até a esta terça feria, quadra festiva, dez pessoas tinham apanhado a epidemia, quando uma pessoa jazia na casa mortuária do hospital municipal abatido pela doença que mais “intimida” neste momento as autoridades sanitárias angolanas. O mais faltal da noticia é que a cólera espalha-se pala província. Se antes eram apenas dois municípios, a lista parece agora aumentar, exigindo a tomada global de medidas capazes de alterar o curso das coisas. O chefe local da saúde anunciou o aumento das campanhas de limpeza ( apenas só agora que a doença pressiona, mesmo sabendo que “ quando a casa de outros vizinhos ardiam, poderiam colocar as suas de molho”, por um lado, e por outro o técnico de saúde diz que há medicamentos suficientes para acudir os doentes. Nada mais falso. Pelas dimensões da Humpata, as dificuldades de acesso a zonas remontas das comunas como Bata –Bata, Leba ou Palanca podem estancar este plano de emergência. È que na Humpata, como em outras zonas de Angola, há zonas em que o medico não vai e, portanto, não leva saúde....

A nostalgia ( daqueles) dias da radio!

Às 24 horas de 24 de Dezembro ou às 00 horas de 25 de Dezembro, conforme a interpretação de cada um, há precisamente 100 anos, um engenheiro canadiano, Reginald Fessenden, emitia a partir de Boston, EUA, a primeira emissão radiofónica transmitindo uma melodia de Natal tocada por ele mesmo num violino e passagens da Bíblia. Na altura, foram os navios ao largo da cidade quem primeiro recebeu a primeira emissão radiofónica do Mundo. Cem anos depois, a Rádio ainda junta povos, em volta de transístores, sendo o único veículo informativo e formativo de inúmeras comunidades como, por exemplo, nas regiões mais interiores de África. Cem anos depois, ainda é a Rádio quem me faz sentir vivo principalmente quando se tem a oportunidade de acordar ao som discreto, ou vibrante, de um qualquer tipo de música. Cem anos depois, ainda é a Rádio quem, primeiro, mais facilmente nos oferece a vós e o perfume dos nossos países. Como recordo, com saudade, a voz calma de Sebastião Coelho ao oferecer-nos uma xícara de café quente ou a voz estonteante e forte de Francisco Simmons a relatar – como só ele sabia – uma partida de basquetebol ou de hóquei em patins, ou a voz bem timbrada de Pedro Moutinho, no Rádio Clube do Lobito, a dar-nos as últimas notícias do dia. Era na rádio que ouvíamos as emissões dos movimentos de Libertação, ou da Voz da América, ou a Rádio Moscovo, ou Voz da Suiça, ou a sempre actual BBC – a primeira emissora a despertar-me para o Golpe dos Capitães, nas primeiras horas da madrugada, estava eu em pleno alto mar, no Infante D. Henrique, já que regressava à minha Angola depois de uns meses vividos em Portugal. Foi também na Rádio que pela primeira vez ouvi a voz quente do pai do soul, James Brown, hoje falecido. O éter ganhou mais uma estrela e mais sonoridade; a Rádio ficou menos rica embora nos valha o seu arquivo. Ok! admito!! Provavelmente andará por aqui uma galopante PDI, mas que a Rádio ainda é Rádio, lá isso é. DO BLOG “ PULULU.BLOGSPOT.COM”

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Lubango: Vista parcial

Lubango, ex. cidade Sá da Bandeira, a razão de existencia deste blog criado em Luanda, tal é o tamanho das saudades de todos os dias e os dias todos.
Foto gentilmente cedida pelo companheiro escriba Morais Silva ( estamos juntos " angopeiro") mostrando um pouco do palácio do Governo e a sede regional sul do BNA.

Quebra stress, com K - jornalistas associados ( 2ª edição)

Está de volta o " Kebra Stress, jornalistas associados". A discussão da vida profissional, o modus vivendi da classe, o " assalto" editorial de grupos profissionais ao país, o dia a dia dos jornalistas e as eleições vistas na midia são temas em destaque. " KEBRA STRESS, PORQUE NÃO SÓ DE TRABALHO VIVEM OS ESCRIBAS"!!!! Segunda edição dia 18 de Dezembro de 2006. Local: Luanda. Promotores: Santa Rita ( jornal o Indepedente) e Tomás de Melo " Sakamoto" ( Rádio Ecclesia)

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Invasão ( quase) silenciosa na Matala

O perímetro irrigado da Matala, uma área agrícola com sete mil hectares de terra arável na província da Huíla, está a ser invadida desde meados deste ano por construções anárquicas, denunciou hoje, o administrador do municipio, Manuel Capenda. Gerido pela Sociedade de Desenvolvimento da Matala (SODEMAT), o perímetro possui seis mil hectares de terra para produção agrícola e mil especificamente para multiplicação de sementes, segundo a fonte. O administrador fez saber que por debaixo das novas construções anárquicas estão cabos de alta tensão, já que a área está localizada nas imediações da Central Eléctrica da Baragem da Matala, o que representa um grande perigo. Manuel Capenda, que não fez referência ao número de casas já construídas e que medidas a administração vai tomar, denunciou igualmente a existência de grupos de indivíduos não identificados que sabotam equipamentos no zona do perímetro irrigado.

Chuveu, o caudal do rio encheu e a energia está de volta. Grande Huila.

A noticia é da ANGOP: “ As províncias da Huíla, Namibe, Cunene e Kuando Kubango têm garantidas o fornecimento de energia eléctrica durante a quadra festiva, uma vez ter aumentado o caudal do rio Cunene, fonte de sustentação da barragem da Matala. A garantia foi manifestada pelo director regional sul da Empresa Nacional de Electricidade (ENE), Celestino João, salientando que neste momento dois grupos geradores estão a funcionar na Matala e estão a produzir 11 megawatts". A noticia faz rir. A Huila deve ser a única zona do mundo onde por falta de agua num rio a barragem entre de ferias....

Dom Mbilingui no Lubango

O Papa Bento XVI nomeou Dom Gabriel Mbilingui como Bispo Coadjutor da Arquidiocese do Lubango. O bispo ora nomeado é actualmente o titular da Diocese do Luwena. Dom Gabriel permanecerá no governo pastoral daquela Arquidiocese como Administrador Apostólico até à nomeação do Seu sucessor. Dom Gabriel Mbilingui nasceu a 17 de Janeiro de 1958 na localidade de Bândua, no Andulo, Diocese de Kwito-Bié. Frequentou e concluiu os estudos secundários no Seminário Menor dos Padres Espiritanos, e os estudos de Filosofia e de Teologia no Seminário Maior, no Huambo. Foi ordenado Padre no dia 26 de Fevereiro de 1984. Desempenhou os cargos de Vigário paroquial e de Reitor do Seminário Maior do Espírito Santo, no Huambo. De 1995 a 1998, foi Superior Provincial da Congregação do Espírito Santo. Logo depois foi nomeado como Conselheiro do Superior Geral da sua Congregação em Roma. Nomeado Bispo Coadjutor do Lwena aos 15 de Outubro de 1999 por Sua Santidade o Papa João Paulo II, recebeu a consagração episcopal a 6 de Janeiro de 2000, passando para Bispo Residencial do Lwena no dia 7 de Janeiro do mesmo ano, em sucessão a Dom José Próspero Puaty, de feliz memória. É desde 2003 Vice-Presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé. De salientar que o Bispo Coadjutor é sucessor do Bispo Diocesano para cuja Sede foi nomeado. No caso vertente, Dom Gabriel Mbilingui sucederá a Dom Zacarias Kamwenho como Arcebispo do Lubango, depois de um determinado tempo a fixar-se entre ambos e com a anuência da Santa Sé.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

MÁSCARAS

As primeiras imagens de mascaras, guardadas na minha memória há longo prazo, são as utilizadas por mukixes, aqueles mukixes das lundas que na minha meninice provocavam em mim um misto de prazer e medo, entre o querer ver e o fugir a figura. Lembro-me de ter visto até pelo menos até os dez anos mukixes com diferentes máscaras. Seria aquele um aspecto natural ou por trás da mascara estava um homem? Para minha infelicidade só obtive a resposta em Luanda. Os anos de escolaridade vieram mostrar-me que aquelas máscaras eram as mais expressivas do nosso país. Fiquei feliz, afinal não eram só os diamantes que lembravam às Lundas. Por ocasião do carnaval apercebe-me que as mascaras não eram uma propriedade dos Lundas, que afinal há aqui muita gente que usa mascaras, existem até bailes de mascaras durante o tempo de carnaval. Rapidamente dei-me conta que em cabinda e em outras partes também usam qualquer coisa que esconde o rosto, que afinal não são só os lundas que usam tão bem as máscaras. Vi também que máscaras entram em vários rituais do nosso país, rituais para pedir benção, ritual de iniciação, ritual para a resolução de problemas comunitários,rituais disso e daquilotro, no fundo rituais para quase tudo, confesso que fiquei impressionado com tamanho uso que se faz das máscaras. Mas a vida ensinou-me confesso que n’alguns momentos de forma dura que tal como a carne e o espirito, existem também mascaras visíveis e invisíveis. Licenciados que se mascaram de doutores, enfermeiros que obrigam as pessoas a chama-los paramédicos, mascaras como da jovem que com rosto de inocente mas que o pecado borbulha nas suas entranhas. Mascaras dos que se fazem passar de big boss mas que não estão com nada. Querem andar com gente fina, confundindo a opinião do mero observador da carne exposta, quando na realidade não passa do arroz com peixe frito. Mascaras do sucesso a custa da desgraça alheia. Uma verdadeira vida do faz de conta, como da mulher daquele estadista que arrependeu-se de ter envelhecido e foi morrer de graça numa operação plástica, na tentativa de colocar uma mascara jovem no rosto envelhecido. São tantas as mascaras que o jogo da cabra sega desapareceu ou está em vias de extinção devido as mascaras. Quanta coisa se perdeu devido ao uso das mascaras! Não sabia que as mascaras modernas meteriam mais medo que as mascaras da minha Lunda. Mas se lhes fica bem e até são elogiados quem sou eu para os contrariar? São apenas mascaras. POR MANUEL JOSÉ

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Radio ECCLESIA: A voz dos sem voz

51 anos são passados. O tempo ruma sem cessar, os ideais permanencem. Vez pós vez, os sem voz procuram guarida num dos simbolos da democacracia que " teima" em nascer e crescer na terra de Mandume e Ekuikui. Em Março de 1997, exactamente 42 anos depois do início das emissões regulares, e cerca de 20 anos após ter sido encerrada, a Rádio Ecclesia foi re-inaugurada, na presença de sua Eminência o Cardeal D. Alexandre do Nacimento, Arcebispo de Luanda e Presidente da Conferência Episcolal de Angola e S. Tomé, do Ministro ds Comunicação Social e outras individualidades eclesiásticas e personalidades do mundo da Comunicação Social de Angola. As novas instalações, no bairro de S. Paulo, situam-se no edifício sede da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé – CEAST. Como Emissora Católica, a Rádio Ecclesia tem como fins específicos, além dos consagrados para todos os Órgãos de Comunicação Social: - garantir o direito dos Angolanos à informação; - difundir valores evangélicos, de modo a tornar a sociedade angolana mais justa, fraterna e solidária; - respeitar e participar no desenvolvimento integral da pessoa, que implica as dimensões culturais, transcendentais e religiosas do homem e da sociedade angolana; - criar um espírito de tolerância, respeito e convivência pacífica entre todos os angolanos.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Nova dimensão (2)

Falar de nós próprios lança-nos, quase sempre para um pequeno ( e nem sempre salutar) narcisismo. Daí que quando observei a necessidade de falar da ( minha) “nova dimensão” profissional, sem esquecer o passado, corria o risco de lançar debate. È um risco necessário. Correr este risco apronta-se como uma forma de fazer do nosso mosaico profissional um caminho regrado com letras de simbolismo maior. Quando bati com a porta da ( ou talvez alguns quisessem que eu batesse...) Radio Huíla, a reflexão foi um refugio de dois meses. Entre ponderar parar e arriscar mais uma vez um caminho pelo mundo das noticias, uma força interior lançou-me em mais uma aventura nesta senda. Corria o mês de Agosto do ano de 1997. Depois do apronto inicial, sou recebido pelo chefe adjunto dos serviços de produção da Radio 2000. Cláudio Dias, sem sorrisos ou contemplações não olha a meios para colocar-me no caminho da ( sempre aprazível) informação da comercial da altura. “ Sabemos nós mais do mundo.... do que o mundo sabe de nós” era a lógica informativa corporizada numa estação para mais de um milhão de habitantes no cosmopolita Lubango. Uma semana de estagio e vale a introdução nos caminhos da apresentação de noticias, também com incentivo de alguns companheiros que hoje aportaram para a concorrência da comercial. Começo as 12 horas depois de um modelo de introdução adoptado pelo chefe de produção, o veterano e cá para mim um dos melhores radialistas de Angola, Horácio Reis. Um caminho aprazível, apesar das dificuldades que se seguem....

terça-feira, dezembro 05, 2006

Os dias da Rádio

Mais duas estações de rádio, em frequência modulada, numa cidade qualquer do interior de Angola é sempre uma mais valia. A importância torna-se maior numa estratégica localidade como o Lubango, onde muita da informação canalizada na época levou um ligeiro desenvolvimento económico, publicidade e uma lógica democrática às terras altas da Chela, muito por “culpa” do fenómeno radio. Depois de momentos áureos, hoje as estações locais, ao que tudo indica, não estão a satisfazer os já exigentes ouvintes. Constata-se no terreno uma gritante falta de pessoal habilitado, principalmente na comercial. A publica local, numa áurea superior, trata das matérias dentro da sua lógica de trabalho, profundamente pró governo. O serviço publico não é o que poderia ser. O eventual surgimento das rádios “ Chela” (comercial) e a “ Transmundial”( evangélica – cristã)que não deverá descorar aspectos como a informação, são hoje uma esperança para a província. Esperança renovada, a não ser que os "dias da radio" sejam ultrapassados por outros desejos. Foto: O autor num dos estudios da Radio Ecclesia.

sábado, dezembro 02, 2006

Há alguns anos numa cobertura em directo para a Rádio 2000, entrevistando o antigo ministro da reinserção social e hoje embaixador no Japão, Albino Malungo. Pode-se ainda ver Ramos da CRuz, governador da Huila, Fernando Borges ( de costas) o maior ganadeiro de Angola.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Lubango e duas novas estações de rádio em FM

Duas novas rádios privadas prontas a emitir em frequência modulada na cidade do Lubango aguardam pelas respectivas licenças para começarem com a actividade de radiodifusão na província da Huíla. Trata-se das rádios Chela e Transmundial. A Multipress apurou que a primeira será de cunho comercial, enquanto a segunda estará virada para a vertente religiosa, uma vez pertencer às igrejas evangélicas sem afastar, entretanto, o lado informativo. Tudo quanto foi possível apurar, as respectivas rádios já dispõe de instalações e estúdios para a emissão, faltando apenas a autorização necessária dos órgãos competentes. O responsável pela instalação da Rádio Transmundial no Lubango, reverendo Dinis Marcolino, disse acreditar não serem motivações políticas que estarão por detrás do impedimento na abertura de mais rádios. Para ele, existirá vontade política de quem dirige para o surgimento de mais rádios e estações televisivas, mas o excesso de burocracia que se assiste no país e os aspectos complementares à nova Lei de Imprensa, afiguram-se como os principais obstáculos. (Foto: O logotipo da rádio 2000, a antena comercial do Lubango)«Eu não sei se é vontade política mas creio que é problema da legislação creio que é problema da legislação e portanto a Lei de Imprensa foi aprovada mas ainda falta a regulamentação dessa lei, então se calhar um dia sai a regulamentação, as coisas serão melhor eu creio que não falta vontade política. Deve haver alguns problemas, processos administrativos o nosso país tem problemas administrativos ou seja a burocracia as vezes é muito difícil, é muito grande». O reverendo Dinis Marcolino advoga que já é tempo de Angola abrir-se mais para a diversidade de informação e cita como exemplo a República Democrática do Congo que nesse capítulo, apesar das conturbações políticas que tem vivido, deu passos importantes. «O povo precisa de ter alternativas, não é temos a rádio Huíla temos a rádio 2000 mas quanto mais diversificada estiver a informação melhor! Só para dar um exemplo aqui o vizinho Congo Democrática ela tem cerca de 30 rádios privadas e 15 estações televisivas, portanto e Congo Democrático sabemos país com várias turbulências militar, políticas Angola também tem que pouco a pouco avançar nesse caminho». ( Foto: o imponente edificio da Radio Huila, da RNA) Na Huíla funcionam apenas duas rádios a emissora local da Rádio Nacional de Angola e a Rádio 2000, instituições que segundo algumas vozes críticas da região, se mostram incapazes de responder às necessidades de informação que se exige cada vez mais isenta e transparente de qualquer interesse político.(Teodoro Albano)

quarta-feira, novembro 29, 2006

A onda de crimes que sacode o Lubango

As notícias que chegam do Lubango já começam a arrepiar. Se num passado recente esta era tida como uma das mais calmas cidades do país, subitamente o gráfico de crimes subiu, atingido o vermelho, atingindo o pico. São crianças que aparecem esquartejadas; aumento do numero de jovens violadas; raptos frequentes de crianças; brigas que terminam em mortes; assaltos espectaculares junto de pontes e por ai alem. Para nós que escolhemos, momentaneamente, outra cidade para viver, o rumo que o nosso Lubango vive já começa a cair nas raias do desespero. As zonas peri urbanas da cidade, onde a urbanização ainda não tem planos para atingir, são as mais prejudicadas. Com um policiamento deficiente, os vagabundos só dão largas a imaginação para atingir os seus negros intentos. Mas as causas, desta súbita subida nas contas dos crimes, são variadas. A pobreza, a marginalização dos jovens, o consumo de drogas e álcool, a falta de opções de vida ou a ambição rumo ao súbito enriquecimento podem ser arroladas como causas desta onda de crimes. Segundo revelam amigos meus no Lubango, é agora extremamente perigoso circular junto das várias pontes que pululam pela cidade – lembro que a cidade é atravessada por dois rios, Caculuvar e Mukufi, e mais acima no Nambambe há outro. Talvez a saída seja optar pela descentralização das esquadras de policiais. Com autonomia em meios e operacional, acredito que zonas remotas possam contar com agentes que quantos mais não sejam para dissuadir os “ amigos de coisas alheias” a pensarem bem antes de agirem. Penso que assim o relatório diário da corporação possa ficar com menos sangue. Foto: Cristo Rei, um dos ex libris do Lubango

terça-feira, novembro 28, 2006

Um administrador impotente

Foi um Aurélio Cabral algo triste que apareceu, recentemente, aos microfones da Rádio Ecclesia e nas páginas do “ Chela Press”. O administrador do municipio dos Gambos dizia a dado passo desta entrevista que “ sentia-se impotente para conter os apetites de pessoas que querem terras no municipio”. O desesperado chefe administrativo, aparentemente estava longe de conter as palavras quando referiu que inúmeras vezes vezes elas são desautorizadas. Praticamente ninguém ouve o homem. Cabral informou que a sua proveniência ( é um quadro indicado pelo “galo negro”) poderia ser uma das causas dos excessos dos agora fazendeiros que obtêm a sua licença a partir de gabinetes instalados em Luanda ou no Lubango, a sede da província da Huila. O administrador, talvez deliberadamente, esqueceu-se de referir que o fenómeno é antigo. No auge da guerra, a “conversão” de muitos oficias superiores, ministros, directores nacionais e quadros próximos do centro da nomeklatura, foi notada. È um fenómeno que ganhou força e hoje ai estão as consequências. Enormes quantidades de terra foram privatizadas. Alguns investem na área para fazer da Huila um grande potencial agrícola dopais. Mas, muitos há que estabelecem-se ao fim de semana nessas coutadas, algumas equipadas com pequenos aeródromos, apenas para caçar. É uma forma que encontraram para acabar com o stress da grande cidade. O premir do gatilho para o abate de especieis animais variadas tornou-se assim num novo hobby. Um acto snob que os detentores de capital adoptaram, tudo para depois mostrar aos seus amigos de Luanda e Lisboa a carne fresca das coutadas que emergem até em zonas protegidas contra a caça ilegal. E então administrador!

O "apetitoso" Gambos

Há muito tempo que este municipio a sul do Lubango desperta a cobiça de ícones bem identificados da nomeklatura angolana. Desde o início da década passada que uma autentica rumaria foi notada para aquela região semi árida a meio caminho da Huila apara o Cunene. Os Gambos, foram convertidos então em zonas para as mais variadas experiências agrícolas, onde os detentores de capital procuravam a todo o custo obter um quinhão para simples deleite ou, em alguns casos, transfigurar-se para a nova moda de então empresário agrícola ou ganadeiro de monta. Nesta romaria houve quem não se coibisse de privar os agricultores tradicionais de zonas com o pasto mais verdejante e a água mais abundante. Nos tempos da seca mais rigorosa os pastores viam quantidades enormes do seu gado (com grande simbolismo tradicional) definhar. As mortes e a situação criada abriam o conhecido conflito de terras devido a falta de zonas de transumância. Os Gambos estavam assim na boca do mundo. Este municipio viu explodir uma situação sem precedentes em Angola. Por um lado, comunidades agro pastoris, pobres e por outro gente próxima do poder convertidas em autênticos latifundiários. O braço de ferro durou. A igreja interveio. O resto da sociedade civil pressionou. A FAO, órgão da ONU, entrou no “barulho” para delimitar terras, mas a polémica aumentou. A lei de terras foi alterada, mas nos Gambos pouco mudou. O tempo passou, a polémica foi abafada. Mas a rumaria para obter terras continua .

segunda-feira, novembro 27, 2006

Huambo, o rosto da guerra.

Quatro anos e meio depois do governo de Angola e da direcção da UNITA assinarem a paz, em Luena, a cidade do Huambo, capital do planalto central, ainda exibe o rosto de destruição da guerra civil. As estradas que dão acesso ao Huambo e as artérias mesmo no centro da cidade têm mais buracos do que alcatrão, casas de habitação de dois e três andares ruíram por completo e muitos estabelecimentos de ensino foram destruídos e não voltaram a funcionar. Construções mais emblemáticas como a Estufa Fria, o cinema Ruacaná, o Rádio Clube, a Fonte Luminosa, a Piscina do Ferrovia, o Parque Infantil ou a discoteca York, que tornaram o Huambo uma bela cidade com mais de um milhão de habitantes, também desapareceram durante a guerra, particularmente violenta nos anos de 1993 e 1994. Apesar da população ter quase triplicado, com o regresso de muitos que esperavam encontrar ainda alguns dos bens que deixaram para trás, mas que se viram sem nada e obrigados a partir do zero, as ruas do Huambo são pouco movimentadas, o parque automóvel nada tem a ver com os jipes topo de gama que engarrafam o trânsito em Luanda e quem não anda a pé utiliza sobretudo bicicletas ou motorizadas. A zona de maior movimento é a do mercado a céu aberto, que antes estava dentro da cidade e, no Verão passado, foi transferido para fora do Huambo, obrigando vendedores e compradores a longas caminhadas. Houve protestos - infrutíferos. Como estava a decorrer o Campeonato do Mundo de Futebol, Alemanha foi o nome dado ao novo mercado. Uma escolha acertada: em termos de distância estão ambos fora de portas. Fonte: AGENCIA LUSA

sexta-feira, novembro 24, 2006

Banda brasileira Olodum em Angola

Lubango

O centro do Lubango está ligeiramente mudado. Um jardim, com fonte luminosa, foi inaugurado, depois de anos a fio a zona ter estado vedada para obras que duraram quase uma eternidade. O "jardim central", tal como é conhecido, parte junto da maternidade, passa pela sede do MPLA e vai até junto a sede do governo da Huila. Está lindo. Os fotográfos encontraram aí um cenário interessante para as suas fotos. Mesmo num dia de sol aberto e abrasador não resisti á uma dessas fotos. Ocenário de fundo é a espantosa cordilheira da Chela. A troco de alguns Kuanzas dei a minha maquína ao fotográfo que registou este momento. Foto: Com o meu irmão mais novo, também ele jornalista.

A beira do precipício

Não me lembro da ultima vez que estive na Tundavala, mas recordo-me da primeira vez. Foi um espanto, um sonho, um "voo" para uma dimensão profundamente desconhecida. Uma viajem rapída do centro do Lubango para o sentido nordeste, leva-nos uma das maravilhas da natureza nas terras altas da chela, perdão, terras do Bimbe. Aquela cordilheira montanhosa, que se viu obrigada a fazer esta fenda vem da zona da Bibala, Namibe, serpenteando zonas fantasticas, animadas com regatos e ribeiros que ganham força com as chuvas do planalto.Mais uma maravilha da natureza. A Tundavala é pois um recanto magestoso. Mas também negro. Branco e preto. Luz e escuridão. Guarda nas suas entranhas segredos insondáveis dos tempos da velha senhora. Curiosidade: Ví pela primeira vez a Bibala "por aquela" janela - fenda que Deus abriu por entre as montanhas. A tundavala é para o desdumbre das nossas mentes e deleite dos nossos olhos. Com a devida vénia, uma homenagem a Tundavala: Se o Lubango tem morango/ tem a Humpata que é maravilha/ e a tundavala que admira/ maravilhosa é a natureza ( waldemar bastos - Lalipo Lubango )

Jornalistas

Jornalistas em amena cavaqueira na redacçao da Rádio 2000, numa manhã de segunda feira. O do centro, António Pedro, foi expulso recentemente da estação por não ter colocado num noticiario uma materia sobre um acto politico do MPLA no Lubango.

segunda-feira, novembro 20, 2006

MCK: um músico- activista (2)

O primeiro de uma série de artigos que decido a MCK teve o efeito desejado. A Julgar por alguns dos comentários que recebi, tanto aqui no portal, como pessoalmente. A reflexão é sobre a brecha aberta com o surgimento deste jovem musico. A sua aparição foi como que uma pedra lançada a este imenso charco. As suas letras provocaram ondas, reacções. Porque pergunto se se trata de um musico ou de um politico? Eis a resposta: Quando o jovem “irrompe” pelo mercado á dentro, alguns guardiões do tempo viram nele uma arma de arremesso político de certas instancias para abalar as nossas paredes .... Necessário será sempre, na nossa Angola, fazer de assuntos como os que são narrados nas suas musicas, um motivo de debate. Do meu ponto de vista, assim avançamos. Falar de universidades e os seus prós e contras; falar da predilecção de certos grupos em “maratonizar” a juventude; falar de corrupção e suas consequências; reflectir sobre o dia a dia de grande parte dos jovens; o crime, a oportunidade e outras coisas. DIsso MCK fala. Mas como jovem precisa de ajuda, de carinho.

A cidade dos contrastes

Devemos atender a uma situação: Luanda é uma das cidades mais caras do mundo. Os dólares para alguns jorram a rodos, mas a pobreza é maior que a riqueza. Ou por outra, a maioria pobre olha para exibição do novo riquíssimo, impotente. Luanda é a cidade dos contrastes. Talvez por isso os esquemas são constantes e com o engenho da imaginação jovens e não só, criam-se formas, pouco refinadas, para retirar de outros cidadãos o fruto do seu labor de todos os dias. Na zona do Palanca, próximo do cemitério da Santa Ana, taxistas buscam uma rota alternativa aos “ endémicos” engarrafamentos na Estrada de Catete. Numa dessas manhas, hora de transito profundamente difícil, mais um grupo de jovens latagões investem contra mais um taxi, vulgo candongueiro. Eram quatro. Dois dos jovens bloqueiam a passagem da viatura, erguendo uma barricada com pneus e ferro velho. Os outros dois, voltam-se para as laterais da viatura exigindo do cobrador, inspirado a preceito para mais um dia de factura, cinquenta kuanzas como contribuição para a rua em que os taxistas buscam alternativas de passagem. Na relutância de entregar os valores, os jovens ameaçam investir danificando a viatura – neste momento é difícil “livrar-me” da pele de escriba que vê no facto a única forma e sagrada de noticiar , para encarnar o cidadão que tudo vê, pouco fala e assim (sobre) vive. Reparo depois que um oficial superior da força aérea, que ia na parte de frente do veiculo, desce com um revolver em punho. Ameaça, gesticula e expulsa os jovens transformados momentaneamente em “ abutres humanos” numa das escapatórias mais procuradas pelos candongueiros. Pena é que o resultado da sua “safra ilegal” serve apenas para comprar cervejas, um pão com chouriço e quiçá estupefacientes. Ninguém investe, afundando os sonhos num ridículo ciclo vicioso, com contrastes, a fazerem de Luanda um cidade sui generis onde quem tem um olho é rei.

segunda-feira, novembro 13, 2006

MCK: um músico ou um politico? (1)

Jovem, conta com menos de 30 anos. È um jovem cantor que encontrou no rap, a coisa de três anos, a melhor forma de expressar frustrações com os tempos modernos, onde a moral é lançada para “calendas gregas”, privilegiando a ganância, a intriga e as mais vis manifestações da degradação moral que o ser humano observa nos tempos que correm. È um pois um jovem a ter em conta numa sociedade extremamente problemática, mas é claro que a juventude, volta e meia, prega pequenos tropeços à uma pessoa que, penso eu, terá ( tem ) sucesso com o amadurecer os seus dias. MCK – Mestre de Cerimonias Katrogi surpreendeu meio mundo, quando a cerca de quatro anos atrás publicou um disco, sem qualquer tipo de patrocínio oficial, em voga nos dias de hoje. O jovem musico, segundo se sabe procurou ter textos líricos a altura da nota social do momento. Uma critica, meio politica, meio, meramente, social. A guerra decorria, destruía. Quase ninguém ousava abalar a “cortina”daqueles tempos. Alguém ousou, mais foi para a cadeia. Com coragem Katrogi publicou o seu disco, uma espécie de “ embondeiro de ideias” convertido numa corrente ”Trincheira de nutrição espiritual” para a juventude que foi a mais criticada, pois afinal “ há mais maratonas que bibliotecas/ mais armas que bonecas” e por ai alem. O activismo político foi então lançado em música, que encontrou nos taxistas a melhor maneira de promoção das faixas altamente reais sobre Angola que hoje é construída.

Dimensão nova (...)

Olhar para as dimensões da nossa vida, volta e meia, leva-nos para discussão sobre o contexto geral da existência humana, dos projectos, das oportunidades e do olhar para um futuro que se quer risonho. A nova dimensão, ou a dimensão nova, do contexto que vivemos remete-nos sempre ao passado. Já que este texto surge na sequência do anterior, um olhar é imposto ao passado. Longe das críticas a uma caminhada, deve-se sempre (a meu ver) falar sobre o que fomos, o que somos e as apostas para o passado.

Um lugar que pode ser comum…

Há muito que em poucas horas as lembranças do Lubango não eram, insistentemente, povoadas numa conversa em que participo. Duas razões concorrem para isso: a vida frenética, o bulício social dos dias que correm e as necessidades de Luanda impedem, ou por outra, verdade seja dita, a disposição pode ser fraca na hora de optar por uma vida social mais preenchida. Mas porque digo isso? Três jovens huilanos, hoje, dispares nas suas opções de vida, criaram uma oportunidade de estabelecer uma amena cavaqueira. Os “ três dedos de conversa” que trocamos, “povoados” com um leitão à Bairrada tiveram o condão que estabelecer a conveniência de um momento a ser repetido quando os dias nos lançarem essas oportunidades. Apesar de uma fuga, diga-se de passassem, de frente ficou a idade de estabelecermos uma espécie de lugar comum de encontro de huilanos em Luanda, de forma a diversificar as ideias e um dia, quem sabe, criar uma comissão instaladora dos jovens huilanos na grande “ diáspora” de São Paulo de Loanda.

sábado, novembro 04, 2006

Descrever? Para quê?

Porque hoje é sabado....

Uma imagem pode dizer tudo?

Olhando, meditando, atendo ou viajando? Onde estava eu com os pensamentos? Na conferencia sobre " Jornalismo nos tempos modernos: Um factor de mudança?" Lubango, ICRA - Instituto de ciências religiosas de Angola. Agosto de 2002.Lá estive discertando um tema sobre rádio mediante o convite do Padre e jornalista Magalhães Teixeira. Como o tempo passa.....

quinta-feira, novembro 02, 2006

Nova Dimensão (I)

Volto a narrar o meu passado profissional. As causas e os efeitos que vivemos na carne ao calcorrear a cidade do Lubango no inicio da minha “aventura” de vida. Há algumas semanas parei para olhar para os efeitos da publicação no “ Serra da Chela” das experiências desse tempo atrás dos microfones, na redacção e nos seus bastidores, na rua, nos gabinetes, nas viagens e em tudo aquilo que faz um jornalista exercer todos os dias a sua opção de vida. È pois uma nova dimensão, pois a fronteira continua ténue entre a necessidade do rigor e a corrida de todos os dias a necessidade da credibilidade fazer de nós queridos pelo publico, convertido, afinal, no nosso maior juiz. Uma dimensão que exige profundidade de lisura, aliada a uma vontade férrea em ser um elemento incrustando nos factores de mudança rumo á um país que se quer “ digno para todos vivermos”. ( Discursando numa conferencia em Agosto de 2002 no Lubango. Primeiro á direita Pe Teixeira e depois um jornalista da TPA,Benedito Mateus, também ele conferencista) Na reminiscência do “ nosso” tempo volta o programa “Nova Dimensão” ocupa um lugar imenso. Deixando de lado um, diria assim “saudosismo bacoco”, é pois, altura de partilhar experiências para entender motivações e escrever o nosso caminho em linhas de ouro os contornos dos tortuosos caminhos de escolhemos. Corria o ano de 1995, Radio Huíla, Lubango. Franzino e com vontade sólida, “aportei” a estação. Depois de contactos exploratórios fui rapidamente convertido em colaborador. Textos sobre a juventude teriam que ser inicialmente escritos por mim e transformados em temas para discussão no programa. Recordo que o grosso dos meus camaradas tinham sido todos levados á radio depois da falhada e atrevida opção de abrir uma estação, pirata”, denominada Bluff.

Mais um exemplo de vida!

MAIS VALE ACENDER UMA VELA DO QUE MALDIZER A ESCURIDÃO.

Yaka!

Muitas vezes fomos interagindo sobre o prazer de ler bons livros. Nessas vezes, na minha perspectiva, Pepetela tem sido frequentemente citado. São múltiplas as causas da a forma recorrente com que abordo temas referentes a um dos mais celebres escritores de Angola. È um exercício a que me entrego com um desejo. Uma forma de critica ( construtiva) de arte. Destaco dois desses aspectos: trata-se de um exímio escritor e passam anos, mas as suas obras mantêm-se actuais, apesar das mutações sociais próprias de um região dinâmica. Há alguns meses mantive o meu primeiro encontro de trabalho com Pepetela. Um das suas técnica de escrita que me disse utilizar com frequência é uma espécie de “ hora para frente, hora para trás” sem contudo “matar” a estória que narra! È um passo em frequente em varias direcções e lá vai o livro prendendo o leitor com rigor. Um desses livros é Yaka. Depois de algum tempo na estante, ele agora voltou a banca de cabeceira. Confesso que a avidez com que me entreguei a leitura do mesmo há alguns meses atrás quando um alfarrabista facilitou a sua aquisição. A descrição que é feita sobre o vale do Cavaco é memorável. Há citações da Serra da Chela, Serra da Neve, Bibala, Lundas, escravos, colonização, Benguela etc. O livro tem mais de vinte anos

segunda-feira, outubro 30, 2006

Diogo Cão

O explorador Português tem uma instituição de referencia no Lubango. Já foi liceu, hoje é escola do segundo nível. Foi Diogo Cão, hoje é Mandume. Este ultimo é uma das notas salientes de Angola na resistência contra o país do primeiro. Sui generis. Mandume! Hoje é incontornavel no mosaico estudantil do Lubango. Bem haja! ( Foto de Agosto de 2006)

A linguagem do quadro!

Se o quadro falasse...... ( Foto tirada em Agosto, Lubango)

Saudades......

O primeiro filme que assisti na vida foi neste cine teatro. Grande. Espaçoso. Fenomenal. Foi nele onde aprendi o que vale a "setima arte". O cine teatro arco irís é uma estrutura de grande gabarito. Qual estrutura saída das nuvens depois de uma agressiva chuva sobre o Lubango... ( Foto tirada em Agosto de 2006)

Quebra stress, com k!

Este é o nome de um " movimento " profissional que vai animar alguns escribas cá do burgo. Sem fins lucrativos, o " Kebra stress" vai servir para animar discussões sobre a classe, motivar solidariedade profisssional e falar dos mambros* que estamos com eles. Local de encontro é lá pelas bandas da Sapú - Viana. Tudo isso com um bom almoço e os competentes acompanhantes etílicos. * problemas

Os " fofoqueiros legais"

Este é o nome que os " Peregrinos" adotaram para uma peça teatral crítica sobre o trabalho dos jornalistas, o seu papel social, as apostas na vida e o impacto junto das comundades. Numa peça de teatro apimentada com humor, condimentada com críticas directas aos jornalistas, a gritante necessidade de formação na area e muito mais. Os "Peregrinos" fazem mais. Criam cenarios que os jornalistas de Luanda ( que é o espaço onde eles estão inseridos)conseguem melhorar o seu desempenho. Mas eles transportaram para a peça, que tive a oportunidade de assistir neste domingo num convívio com alguns companheiros da classe denominado " QUEBRA STRESS, COM K" aqui em Luanda, o mesmo vicío que assola alguns grupos de teatro cá do sitío. Tem sempre que entrar a mulher que segue o marido, o ciúme cego, o analfabelismo, as crenças no feitiço e outras questões rotineiras que fazem parte das encenações contemporaneas. Urge, pois, a necessidade dos grupos de teatro diversificarem as cenas com temas mais ousados. Quem sabe mais politica de facto, mais temas que vêm mexendo com o país nos dias que correm para que a "perigrinação" á uma cultura mais heterogenea seja de facto assumida. Mas vale o improviso. Devia, é, valer também a formação que mesmo os " fofoqueiros legais" precisam.

sexta-feira, outubro 27, 2006

O crespúsculo! A grande culpa da Chuva.

Quando a noite "cai", a cosmopolita cidade do Lubango, torna-se numa pasmaceira. Assim é quando não chove! As autoridades dizem a todo o mundo que a baixa albufeira na barragem da Matala obriga a rigorosas restrições no já debil fornecimento de energia electrica. Pois se lembram que a alguns anos atrás houve um fabuloso investimento no sector de energia. Da central térmica poucos se lembram. Hoje quando não há energia, a culpa é da chuva. Sem energia não há vida. A cidade pára mais cedo e o medo toma conta das pessoas devido crescente criminalidade. São 3 penosos meses sem energia. E todos vamos na cantiga de que a culpa é da chuva que, felizmente, já começou a cair para a nossa sempre renovada esperança de uma vida melhor.

Requalificação urbana do Lubango: entre as intenções e a pratica

Toda a gente sabe que o Lubango necessita com toda a urgencia de um plano capaz de requalificar o casco urbano, dar dignidade a periferia e levar serviços basicos as zonas peri urbanas. A municipalidade diz ter isto gizado, mas o tempo passa.Fala-se da construção de mais de cinco mil casas numa zona localizada para quem vai segue para Chibia. Uma experiencia foi lançada na MItcha. A foto acima é localizada no bairro comercial junto ao rio Caculuvar. Foi tirada do bairro João de Almeida, também ele esperando por quem de direito.

quinta-feira, outubro 26, 2006

A IMAGEM LINDA DA RADIO 2000

ANTENA COMERCIAL DO LUBANGO ....

SERRA DA CHELA

O CUME DA SERRA DA CHELA......

quinta-feira, outubro 19, 2006

Jornalista angolano despedido por querer ser Jornalista.

Li aqui no Notícias Lusófonas que a Imprensa angolana está a mexer, mesmo que seja pelo surgimento de projectos jornalístico-propagandísticos. Apesar de tudo, pensei, é bom sinal. Eis senão quando, alertado pelo serradachela (blogspot.com) vejo no Apostolado que um jornalista da rádio “Comercial 2000” que exercia a função de editor foi expulso por, alegadamente, não publicar uma notícia sobre uma conferência do MPLA, no município do Lubango.António Pedro foi afastado pelo facto de não ter incluído o acontecimento num dos principais noticiários daquela estação de Rádio. A conferência estava a ser transmitida em directo pela antena comercial do Lubango. Nem mais. Ainda se fosse uma conferência da FNLA ou da UNITA… Segundo a Ecclesia local, o jornalista expulso negou-se a gravar qualquer entrevista temendo represálias e por ainda estar interessado em regressar ao emprego. Lá (em Angola) como cá (em Portugal) os Jornalistas são livres de dizer o que o Poder quer. Apenas isso. Há, é claro que há, excepções. Mais cá (Portugal) do que lá (Angola). O sindicato de jornalistas na Huíla diz que a situação é sensível por envolver questões políticas, mas garante que tudo vai fazer para chamar à razão à direcção da rádio comercial do Lubango, como disse à Ecclesia Joaquim Armando, secretário para a informação do sindicato de jornalistas na Huíla. Não adianta chamar à razão. As razões das ideias de poder escapam às razões do poder das ideias. E, como em todas as ditaduras, o MPLA só conhece as ideias de Poder. «Nós somos sempre a favor dos nossos filiados e é o caso desta situação e é o caso de futuras situações em que nós estaremos sempre a favor. Agora o facto de ser razão política talvez torne o caso mais sensível», disse o responsável do Sindicato, certamente temendo que se não tiver cuidado ainda um dia destes vai chocar contra uma bala . Esta não foi a primeira expulsão de um jornalista naquela estação emissora sobretudo depois do ingresso de uma nova direcção. Claro. Não se chega a director por obra e graça da competência. Chega-se por obra e graça de quem manda. E, no caso, quem manda é o MPLA. Por ORLANDO CASTRO www.noticiaslusofonas.com www.altohama.blogspot.com

quarta-feira, outubro 18, 2006

Chela Press, o sobrevivente.

A Huila é uma província com 14 municípios. Centenas de milhares de quilómetros quadrados de extensão e população estimada em cerca de três milhões de habitantes. Se parece enorme no quadro geográfico, esta província é de facto pequena no que ao desenvolvimento da imprensa diz respeito. Com informação a liberdade de expressão ganha vida. A liberdade de imprensa torna-se um facto. Só há duas rádios locais, uma pública e outra “ privada” (as aspas são propositadas). Na Huila não há um jornal verdadeiramente local. O único resistente é o Chela Press. A vários anos estabeleceu uma redacção no Lubango, a capital da província. Mesmo com as dificuldades, que algum um dia decidiu chamar de conjunturais, este jornal continua. Tem uma redacção em Benguela, de onde se faz o resto do trabalho. Pelos exemplares que chegam a Luanda, noto que o Chela Press algo vai fazendo pela informação no eixo Huila - Benguela. A última edição que me chegou as mãos é datada de 16 de Outubro. Destaca o Huambo, mas dá largas a Huila. Ainda bem que assim o é, pois se a carruagem mudar de direcção informação, de facto, será algo em vias de extinção nas “ terras altas da Chela”.

terça-feira, outubro 17, 2006

Rádio 2000, mais uma e outra vez... O rei vai nu!

De um tempo a esta parte, a estação comercial do Lubango, também conhecida por Rádio 2000, ganhou uma fama tremenda em Luanda. A fama é toda ela pela negativa. São acumulados erros crassos que deixam a estação literalmente “penada” junto da opinião pública. Primeiro foram fugas de vários quadros para Luanda. Quando ela tentava andar melhor, eis que um braço de ferro entre jornalistas e direcção, termina com a saída de um gestor. Acto continuo o novo gestor não perde tempo e manda para a maioria dos bons quadros. A qualidade tornou-se assim sofrível. Jornalismo cambaleante e deformado. Uma nova fornalha de quadros ia crescendo. Só que é mais um sol de pouca dura. Nesta semana surge a notícia de que um editor foi expulso por supostamente não publicar uma notícia sobre uma pequena reunião do MPLA no Lubango. Aqui o rei vai nu… O jovem foi mandando para a rua sem apelo nem agravo. O sindicato local de jornalistas diz que se trata de um caso que apresenta contornos sensíveis por envolver politica.

sexta-feira, outubro 13, 2006

A escuridão, imagem real do lubango

Muitos discursos já fizeram eco sobre a energia eléctrica, no município. Tanto dum, como d’outro lado ninguém conseguiu convencer os cidadãos huilanos, aqueles que muito esperavam pelo desenvolvimento da província em particular e, em geral da região sul. O povo sabe que, muito esforço tem sido empreendido pelos dois lados para mudar a imagem do Lubango, no campo energético, mas este esforço não passa de um esforço tradicional, um esforço sem qualquer princípio cientifico, um principio que visa um desenvolvimento de todos. É tradicionalmente o esforço que tem sido feito, porque estes lados sabem que os cabos eléctricos, as peças dos grupos geradores, assim como os próprios técnicos são tradicionalmente conhecidos e ultrapassados. É necessário pensar-se em substituir tudo, a partir dos cabos até aos técnicos, pois que a escuridão nos prova que tudo está muito mal. Pelo tempo que a imagem do Lubango, caiu na escuridão, aqueles que querem resolver na verdade os problemas do povo, já deveriam comprar pelo menos um gerador novo e não como aquele que custou muito dinheiro, mas comprado já estragado. Sim, a resposta será a habitual. Mas o país é rico e a província também. Não é um sonho se dissermos que até o município de Quipungo, será um dos fornecedores daquela pedra preciosa “KAMANGA”. Um bom indicador para o desenvolvimento da província. É urgente começar a pensar seriamente no desenvolvimento de todos. Para isso é importante acabar já com a escuridão na província em geral e, que nos últimos anos se tornou real, situação que cada dia faz aumentar a pobreza do povo huilano. FRANCISCO PÓLO TCHIVELA-VELA

quinta-feira, outubro 12, 2006

«Quando oiço falar de Jornalistas pego na pistola» Crónica de Orlando Castro

Putin e companhia não estão com meias medidas. Quando ouvem falar de Jornalistas pegam logo na pistola. Pegam e utlizam. Foi isso que fizeram com Anna Politkovskaia, a Jornalista russa que ficou conhecida nos países ocidentais pela cobertura crítica que fez da guerra na Tchetchénia. Quando comentei o assunto com um colega, a resposta foi lapidar. Mesmo por cá (Portugal) não falta quem queira fazer o mesmo. É verdade. Mas não creio que sejam assim tantos. E não creio porque, por estas bandas, há meios mais sofisticados para atingir os mesmos fins. Não é preciso dar um, ou quantos forem precisos, tiro no Jornalista. Basta, no Natal, por exemplo, oferecer-lhe uma pistola. Depois faz-se uma reestruturação empresarial (sinónimo óbvio de despedimentos). Quando o Jornalista descobrir que não tem dinheiro para pagar o empréstimo da casa ou os estudos dos filhos... dá um tiro na cabeça. Anna Politkovskaia fez carreira como jornalista de investigação e tornou-se conhecida fora da Rússia pelas reportagens críticas que fez na república separatista da Tchetchénia, onde escreveu sobre os assassínios, torturas e espancamentos de civis pelas forças russas. Por essas reportagens, Politkovskaia recebeu vários prémios de jornalismo, entre os quais a Caneta de Ouro (da União de Jornalistas da Rússia), em 2001 , o do Pen Club International, em 2003, e o Prémio Jornalismo e Democracia da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). De nada lhe valeram. A verdade é incómoda, seja na Rússia, em Angola ou em Portugal. O que varia são os métodos para calar o mensageiro. No caso russo, segundo a Comissão para a Protecção dos Jornalistas, morreram 23 entre 1996 e 2005. Apesar desta dura realidade, todos aqueles que estão de pistola em punho sairam à rua para condenar o que se passou e dizer que a liberdade de Imprensa é um valor sagrado. Sagrado sim desde que não toque nos interesses instalados, desde que só diga a verdade oficial.

Os sem qualidade, querendo qualidade... Por WALTER BENZA

Dizem que júri são aquelas pessoas que julgam. E dizem que tem que ter conhecimentos para julgar os factos. Podem não ver ao vivo, mas por via de fotos, testemunhos escritos e orais. Aqui começa a minha indignação! Aos senhores júri do prémio Nacional de Cultura e Artes que julgarem o teatro e não encontraram qualidade para destinguir o teatro em Angola, será que viram mesmo as pecas ou terão recebido um pedido especial para não premiar nem um grupo? Parece estranho, que de um tempo há esta parte, o tal prémio Nacional, não tem atribuído prémios a todas as disciplinas concorrentes. Dizem sempre que faltou qualidade. Não será que a "dita qualidade" que tanto se referem será a deles? Sabem o perigo a que estão submetendo o teatro ao acharem que não tem qualidade? Olha meus senhores, cuidado com o crime cultural, porque a historia não perdoa ninguém e não vos cabe o direito de fazer justiça de algo que não conhecem por caminhos nenhuns. Posso saber quantas peças viram e em que províncias estiveram para concluírem que não há qualidade no teatro angolano digno dos 35 mil dólares. Eu acho que não existem e nunca existiram? Tenham a santa paciência e não brinquem com esta arte que ela mais precisa de crescer com justiça. Os senhores devem ver o dicionário o que significa QUALIDADE

quarta-feira, outubro 11, 2006

A retoma

Acredita-se que os blogs criam dependência. Discreta, é certo, mas dependência. O cidadão comum – homens, mulheres e crianças, que vamos achando diariamente se quisermos - ao descobrir esta ferramenta, exorcizou alguns fantasmas de comunicação. Problemas que vivemos todos os dias pelos motivos mais complexos que se podem supor. Eu não fujo à regra. Excluindo os personagens que fazem disto uma forma de trabalho, outros porém, compenetram-se na divulgação e no partilhar das coisas mais incríveis. Anónimos puros que rebentaram fechaduras das escrivaninhas onde tinham guardado papelinhos segredados de imenso valor artístico e pessoal. Tanto assim, que até os próprios meios de comunicação social já têm um espaço reservado aos seus próprios blogs no aproveitar do andamento deste fenómeno. Mas esta brincadeira também cansa, satura, mesmo sem ser deprimente. Muito mais quando não se sabe do que falar ou expor. Nas centenas, para não dizer milhares de blogs que já visitei durante estes quatro anos para onde sigo, muitos deles ficaram pelo caminho no primeiro mês de exposição pública. Outros, nem tempo tanto duraram. Deixando de fora os clássicos, os mediáticos, os ícones da classe jornalística, o que sobra? Sobram mais milhares a que é impossível aceder por falta de tempo. Por isso, aí vou eu! Abram-se-me as portas e janelas das palavras que procuro. Adaptado do BLOG ( http://edynet.blogspot.com/

terça-feira, outubro 10, 2006

UMA ARTE EM MORTE LENTA

Pode-se esperar, de facto, alguma coisa dos músicos da Huíla ? Esta pergunta só muito dificilmente teria resposta nos dias de hoje. Quem anda a matar em “câmara lenta” esta arte nas terras altas da Chela? Talvez fosse esta a pergunta oportuna a ser feita... Sem questionar ou apontar soluções para a saída do marasmo ( como de resto é habito na nossa terra, infelizmente) uma noticia da ANGOP esta semana lançou mais uma vez o debate sobre a cultura. Lá dizia a noticia que “ O músico Belchior Ngando Calueyo "Anjo Blex", de 24 anos de idade, venceu, neste final de semana, a fase provincial o Festival da Música Popular Angolana "Variante" 2006, realizado na cidade do Lubango, província da Huíla ”. A noticia acrescenta, vibrante “ Com o tema "Tenho Esperança", do estilo kilapanga, Belchior Calueyo, que vai representar a Huíla no festival nacional a realizar-se em Novembro na cidade de Cabinda, somou 173 pontos.” Jovens músicos sem apoios, eles correm a muito anos uma “ indefinida maratona”. Lutam pelos seus próprios meios para cantar e encantar. Vez sem conta trabalham sem meios. Estes, comprados pelo departamento de cultura, vão servido para outras coisas. Que saudade do furor daquele tempo em que o Adó André, o falecido Joca Gaspar e os “ Pacíficos” ( uma das melhores bandas de sempre lá do sitio. Ficaram nos anos oitenta bem colocados num top dos mais queridos.... ).... Os tempos, infelizmente, mudaram. Tal como mudou também a musica....

MCK: Proibido?

Fonte próxima ao rapper Mc K confirmou esta semana ao site “ www.club-k.net “ que o autor do refrão: “Eu sou a maratona da sexta feira, que te garante o voto”, foi expressamente proibido, domingo último, de proceder com a venda do seu novo trabalho discográfico em frente a portaria da RNA. Segundo a fonte: “em ultima da hora, proibiram lhe de vender o CD na portaria da RNA”. As razões do acto de acordo com o informador, deve-se a “motivos de força maior” afirmadas pelo radialista Mateus Cristóvão, “o pombo correio” que transmitiu pessoalmente a mensagem ao rapper. “Sem argumento ele teve de abandonar o local partindo para as mediações do cine Atlântico” disse a fonte acrescentando que: “Pelo menos não foi erro de calendarização, porque Ninguém vendeu na RNA, ontem. O motivo foi outro que só o Mateus Cristóvão sabe”. Resta acrescentar, citando um musico da Costa do Marfim “ meu país vai mal” FONTE : club-k.net

quinta-feira, outubro 05, 2006

Rádio Bluff

Foi uma rádio pirata do Lubango. A ousadia de um grupo de rapazes, em que me incluo, durou apenas três escassas duas semanas. Corria o ano de 1995. Um rapazote na altura – hoje homem feito – de nome João Carlos, hábil em lidar com electrónica teve a sorte “ingrata” de criar uma espécie de transmissor de ondas hertzianas. (GARANTO QUE TECNICAMENTE, AINDA, NÃO SOU CAPAZ DE EXPLICAR O QUE REALMENTE SE PASSOU…). Abismado com a descoberta, o jovem achou por bem emitir música. Com a fama espalhada pelo bairro e depois pela cidade, da música passou-se para spots criados na hora e palavras de animação. Com se pode notar a nossa a ambição ia crescendo. Posso garantir que nós sabíamos pouco sobre formas de regrar o cenário radiofónico. Tínhamos todos menos de dezasseis anos. Todos nós andávamos a começar o ensino médio. A nossa rede de amigos tinha uma vantagem: todos amávamos, incondicionalmente, a rádio. Com o passar dos dias a fama da “ RADIO BLUFF” aumentava. O raio de acção era escassos duzentos metros, mas suficientes para fazer furor nas terras altas da Chela. As ondas eram irradiadas do bairro Lucrécia, no quarto do Joca. Mas o império foi desabando. A direcção provincial de comunicação social mal descobriu, arranjou polícias para encerrar o nosso “cantinho”. Apreenderam todo material. Até k7s. Felizmente o assunto teve repercussão na imprensa local. Para contentar os jovens quem manda decidiu atribuir aos ousados jovens um programa de uma hora da Rádio Huila. O programa tinha a obrigação de ser grava e segundo de perto por um mais velho daquela estação. Começamos assim a trilhar os caminhos do rádio jornalismo. Todo o controle era pouco para jovens tido como atrevidos… Infelizmente alguns não seguiram o jornalismo. MANUEL VIEIRA PS: HOMENAGEM OS CAMARADAS QUE COMIGO DESPERTARAM O SONHO DA RADIO: JOÃO CARLOS TEIXEIRA, MACHEL “ ZITO” DA ROCHA, GABRIEL NIVA, CARLOS PIO, NADIA CAMATE, AUGUSTO JOSÉ, PAULA CRISTINA, CARLOS MARCOS, GISELA SILVA. Um grande abraço e felicidades etc.

Rádio Teresiana

Se vincasse seria, seguramente, a primeira rádio comunitária de inspiração cristã de Angola. Mas a guerra tudo levou… Na década de noventa, uma congregação católica, madres Teresianas, formaram freiras e adquiriram material para “fundar” uma estação radiofónica no interior do país. O objectivo era levar informação a quem ais precisa. Os equipamentos foram montados. O pessoal formado queria corporizar o projecto, mas num piscar de olhos o que pretendia transformou-se numa névoa de fumo, escombros, buracos e muito prejuízo. Era tempo de guerra. Não se sabe quem, mas foram lançados obuses contra a eminente rádio “Teresiana”. O local escolhido é fantástico. È entre o Huambo e o Bié, numa zona chamada “Monte Belo”. A zona apurada para as instalações da estação de rádio é muito próxima da estrada principal que pude visitar a dois anos. Uma área tipicamente rural e como todo o interior de Angola uma rádio, por mais rudimentar que seja, faz falta. MANUEL VIEIRA

segunda-feira, outubro 02, 2006

Salteadores?

Mais uma vez uma viatura foi surpreendida com disparos de armas de fogo, em plena viagem. Desta vez tratou-se de um Toyota Hiace, em trabalho de taxi, improvisado. O numero exacto de passageiros não foi precisado. Mais uma vez isto deu-se no troço Lubango/Huambo. Mais uma vez o susto fez recordar o passado, quando viajar pelo interior do país era quase um suicídio. Depois da paz, aos poucos a circulação de pessoas e meios ganhou “fôlego”. Mas, os chamados bandos errantes faziam tudo para espoliar quem se aventurasse pelas estradas de Angola. Já houve mortos, feridos, carros incendiados e haveres desaparecidos! Sobre culpados, havia promessa das autoridades para a sua captura. Desta vez, um dos três salteadores foi “detido” ( ou será retido?) pela população. O homem foi atirado para os calabouços da policia que agora tenta encontrar o resto da quadrilha. Com os “ventos da paz” soprando há quatro anos, a noticia, divulgada pela Radio Ecclesia – emissora católica de Angola, soa a surpresa com um misto profundo de desilusão. Até quando salteadores nas estradas do interior de Angola? Quem como eu palmilhou a zona deste ataque ( a meio caminho entre o Lubango e o Huambo) só pode lamentar a desdita de mais alguns compatriotas, seguramente, ávidos em terem paz real na sua própria terra. E claro, é hora dos cidadãos andarem pelo país, sem a preocupação de colidir com homens armados, com espingardas em riste, para roubarem os poucos haveres que o povo encontra para driblar a pobreza. Espero, contudo, que os tiros não estejam de volta á Huila....

sábado, setembro 30, 2006

O papel da rádio em Angola. Por Margareth Nanga

A Rádio Ecclesia é sem dúvida, o meio de comunicação que muito disse e diz à liberdade de expressão em Luanda, uma vez que ainda não tem permissão para emitir nas restantes 17 províncias angolanas. Esta estação reiniciou as suas emissões em 1996 mas, é em 1997 que dá os grandes passos e promove as primeiras emoções nos corações do público angolano, com a emissão de programas e jornais. A estação Católica não é só um novo meio, uma alternativa (em relação aos meios estatais), é antes de tudo um meio de comunicação que procura analisar “o outro lado“ das questões que os factos com relevância social e noticiosa fazem despoletar. Lado este, que é muitas vezes ofuscado ou intencionalmente omitido por qualquer razão que não seja a defesa do interesse público da comunidade. A Rádio Ecclesia é a estação da voz e vez dos que não têm espaço em nenhum outro meio de comunicação falado. A Emissora Católica ajuda hoje, na abertura de horizontes nesta sociedade, onde cada vez mais, os seus citadinos procuram sair do fundo das águas do silêncio que desespera. Esta assume corajosamente a sua missão e avança sem receios de um sistema que procura calar todos os que são contrários aos seus ideais. Sendo a primeira rádio com um sistema digital avançado em Angola e a única que o usa ao longo das suas emissões até ao momento, a rádio de confiança como também é conhecida, procura construir uma grelha de programas e informação com a maior qualidade possível e sempre com o intuito de levar à população o facto, a verdade, análise e opinião dos que a podem dar fazendo-o bem. A Ecclesia foi a pioneira dos debates informativos no mundo da rádio em Luanda. Com emissão ao sábados das 10h as 12h, o debate informativo é o segundo maior espaço de audiência da Emissora, na senda dos programas de carácter informativo. O fórum é o outro espaço de opinião. Neste os principais comentários são dos ouvintes, os chamados “comentaristas do quotidiano”. Neste dois espaços, os interlocutores são chamados a uma desafiadora e nobre missão: “pensar uma nova Angola”. Se este pensamento não é novo, e se daí não saem novidades para um país, a verdade é que sempre conseguiram suscitar fortes diálogos, com muitas críticas dirigidas à governação e aos seus governantes. Todos os sábados, segundas, quartas e sextas são dias de “desabafar”. Quem também lucrou muito com o surgimento da Rádio Ecclesia, foram os partidos políticos da oposição, não porque tenham um espaço assegurado na rádio mas, porque a Ecclesia dá oportunidade a todos para se expressarem, de acordo com a circunstância e importância sem deixar de ser apartidária. Com a Ecclesia, surgiram os jornais semanários com a mesma linha de actuação. Com isto, aos poucos, a imprensa passou a ser mais aberta, atrevida e, às vezes, “exagerada”. Seguiram-se críticas, rumores e até pronunciamentos oficiais de que a Rádio Ecclesia “era uma rádio de terroristas”, uma rádio contra-governo que só critica e nunca sugere, há até os mais ousados que a rotularam como sendo a “Rádio da Oposição”, “Rádio da Unita”, o maior partido da oposição. Com estes adjectivos, cada vez mais foi ficando difícil para a Emissora Católica ter fontes oficiais, os canais de informação no governo foram ficando cada vez mais fechados. Hoje, com quase 10 anos de reabertura, a Ecclesia continua a caminhar numa Angola onde já são visíveis, os sinais de uma sociedade pluralista. Hoje, é (também) graças à Ecclesia que cada um com a sua cor partidária, ou sem qualquer uma delas, consegue opinar e fazer da sociedade angolana, um sítio onde a diversidade pode “conversar” e andar. COLABORAÇÃO NO IGREJA LUSÓFONA O programa Igreja Lusófona tem o seu espaço ao domingo. A sua emissão em Angola passou por várias dificuldades técnicas que sendo superadas foram reiniciadas as emissões. A colaboração com este programa começou pouco depois da reabertura da rádio, tendo passado por ele jornalistas como, Gustavo Silva (actual Director Executivo da Ecclesia), Alexandre Cose e Cornélio Bento. Penso que desde o passado até ao momento, muita coisa mudou na relação Igreja Lusófona e Ecclesia. Desde as equipas que foram sendo substituídas (dum lado e do outro) até ao dia e hora de emissão do programa na grelha da rádio Ecclesia. As grandes dificuldades estão principalmente nas informações que nem sempre se tem acesso. Conseguimos ter de acordo com o tema e os problemas com a Internet, o que nem sempre facilita a emissão do programa em Angola. Mas, para além dos horizontes das nossas terras, e bem para lá do Oceano Atlântico esperamos que a nossa voz se faça ecoar para juntos fazermos a nossa parte, neste mundo, que muitos querem melhorar. ( Trabalho publicado num livro do Programa " Igreja Lusofona da Radio Renascença de Portugal)

sexta-feira, setembro 29, 2006

Tômbwa, entre as dunas e a planta rara

Um dos momentos áureos da comissão instaladora da juventude ecológica de Angola na região sul( Huila, Namibe e Cunene), foi a realização de uma excursão exploratória das potencialidades turísticas da Huila e do Namibe. Corria o ano de 1999 e lá estávamos nós, prontos para dias de aventura e observação. O espírito da livre aventura, parece que andava já encubado em nós. Com carro alugado pusemo-nos na estrada. Seriam mais de duzentos kms de estrada, até chegar próximo da foz do rio Cunene no município Namibense do Tômbwa. Depois de uma paragem de algumas horas no Namibe, pusemo-nos, deserto a dentro para o município que fica no meio de dunas. São 93 Kms a sul do Namibe, numa zona deslumbrante! São areias, montes, repteis e claro a “ mirabilis”! Uma das imagens que guardo até hoje da vila do Tômbwa, é o duelo entre o homem e as areais. È que o deserto teima em continuar a sua marcha rumo ás zonas habitadas. Soterrar tudo e todos parece ser o lema. Mas os homens não podem aceitar, mesmo com dunas a atingirem mais de dois metros de altura! As plantas lançadas á terra num projecto de local arborização dificilmente chegam a idade adulta, para cumprir o seu papel de cortina florestal, porque a falta de água acentua a sua “sede”. Mas a batalha entre o homem e o deserto vai continuando, qual o frasinho David tentado derrotar o gigante Golias e o seu exercito de dunas, areais e ventos fortes soterrando tudo a volta, inclusive um cemitério. O campo santo foi assim revestido de uma nova camada de areia. A quem dissesse que os mortos foram duas vezes sepultados. Manuel Vieira

quinta-feira, setembro 28, 2006

O teatro nas radios do Lubango

Os “ Olonguende”, caminhantes em Português e os “ Kandimbas (coelhinhos) de Santa Cecília”, são dois dos mais representativos grupos de teatro do Lubango. Muito mais por carolice e hobby, é que eles vão resistindo. Faltam-lhes apoios, mas os jovens resistem os intempéries da vida. O teatro como forma de manifestação cultural, ganha no Lubango uma dimensão maior. Com o sector musical de rastos, a pintura e a escultura “respirando ofegante”, só mesmo o teatro consegue dar o ar da sua graça para não lançar para as “calendas gregas” uma das melhores e expontâneas formas de produzir uma bela arte. Para o “ boom” que se regista nesta disciplina de arte em muito contribui a radio, alias não é de hoje. Data de 1999 ou ano 2000 que realizadores, especialmente da comercial, optaram por preencher alguns dos seus espaços com diálogos sobre o teatro, encenações ao microfone, e como isso, claro, a massificação da actividade através da atribuição de bilhetes aos ouvintes, em troca de publicidade para as peças a serem exibidas nas improvisadas salas de teatro. O destaque ia para a sala da associação “ ADRA”, a custo zero. Ora, seis anos depois, visitando o Lubango pude constatar que o teatro foi a única coincidência em dois programas de uma manhã de radio. Era sábado e como se não bastasse no mesmo horário, o espaço 9H –10H. Na comercial, Radio 2000, o programa matinal era preenchido com a conversa com um actor do “ Olonguende”. Já na Radio Huila, o director artístico dos “ kandimbas”, que pertencem a missão católica do Lubango, debitava momentos de uma peça sobre HIV Sida e ao que parece tinha muita aderência. E assim caminha ( va) o teatro no Lubango, pelo menos na radio. Mas fiquei sem saber se eram os grupos que mais espaços conseguiram nas rádios ou eram os realizadores que se renderam ao sucesso desta bela arte.... Manuel Vieira

CHIPINDO: Na frente de guerra ( 2)

Na visão estratégica da altura a tomada de assalto deste município era um ponto muito importante. Chipindo, no estremo leste da Huila dá acesso rápido ao Kuando Kubango, ao Huambo e a ao Bié. É um dos três municípios que constituíam o chamado “ corredor do leste”, um conjunto de três municipalidades que facilitavam ampliar o esforço de guerra tanto para sul, como para a planaltica zona central do país. Com Chicomba, Jamba Mineira, Chipindo é composto de carreiros, picadas em planícies e outras zonas que facilitam a vida de uma guerrilha. Estes são pontos trazidos a lume numa serie de reportagens, que acompanhei pela net, do jornalista de guerra Stefan Smith escrevendo na altura para um jornal Português. E neste dia do longínquo ano de 2001, testemunhava, eu próprio, as imagens idílicas na altura trazidas ao publico por este experimentando escriba que descrevia minuciosamente tudo o que observava na região, com a diferença de que via as coisas do lado dos guerrilheiros. Chipindo era, pois, a sombra de si mesmo. Ao sobrevoar a vila naquela manhã, pudemos observar rios e regatos, bem como, a destruição das pequenas infra estruturas que o colono deixou no terreno. Até as portas foram arrancadas para aquecer as fogueiras dos soldados! Com o escurecer um cenário fantasmagórico tomava conta da zona. O capim fazia parte do cenário. A mendicidade também. Do poente avistamos os gigantes do ar de regresso. Os últimos minutos nesta “frente de guerra” serviram para memorizar todo um cenário! O regresso ao Lubango estava previsto para as 17, mas a viagem de volta a cidade só aconteceu as 18 horas. Os 500 kms foram feitos em cerca de uma hora. Os helicópteros iam cheios. Á comitiva inicial foi acrescentada mais um grupo de crianças. Os petizes iriam para um centro de acolhimento. Parentes de oficiais também seguiam e claro o resto dos dois bois semi – gordos que serviram para o nosso almoço serviriam para outros no Lubango, qual espólio de uma guerra que ( ainda) não tinha data para ser sucedida pela paz. Manuel Vieira

quarta-feira, setembro 27, 2006

Tiros de AKM contra vacinadores

A noticia daquele domingo 24 de Setembro, a noite era aterradora: “ Um grupo de três vacinadores foi surpreendido por disparos de AKM no bairro Calumbiro, arredores do Lubango”. O confrade que irradiava o facto aos quatro cantos do país tinha pormenores. Os factos ilucidavam cada vez mais, principalmente a nós que escolhemos esta “diaspora” para viver. Enquanto seguíamos a noticia entendíamos que tudo não terá passado de um mal entendido. Houve um claro excesso dos homens que dispararam. Veio a se apurar que eram guardas de uma quinta local. Os vacinadores, jovens ( desconfio que andam a procura do primeiro emprego) terão entrado para a quinta do agricultor sem aviso ou permissão, apenas com a nobre intenção de vacinar. Mas outro elemento entra em campo: o álcool. O correspondente da RNA, o confrade MESPERANÇA, dizia que os guardas, já detidos, estavam embriagados. É complicado ter álcool no corpo e arma na mão. Ainda num domingo... Felizmente os disparos apenas perfuraram a camisola branca do programa alargado de vacinação envergada por um dos jovens que distribuíam as gotas milagrosas aos menores de cinco anos deste bairro.

terça-feira, setembro 26, 2006

Chipindo: Na frente de guerra ( 1)

Os dois helicópteros levantavam. Rumavam para oeste de volta ao Lubango depois de terem, no Chipindo, deixado a comitiva de militares e policias - de alta patente e sua segurança - e jornalistas numa das mais temidas frentes de guerra de toda a região sul. Corria o ano de 2001 e a guerrilha do “ galo negro” tinha sido desalojada deste extremo nordeste faziam dez dias. Era cacimbo ( tempo seco)e o frio apertava. Os guerrilheiros apossaram-se de Chipindo durante treze longos anos. A população depauperada, vivia como podia. Longe das trocas comerciais com os grandes centros urbanos, a ( sobre) vivência só era possível pela versatilidade dos angolanos. A intenção dos “homens de armas” em levar os jornalistas ao terreno, era para constatar “ in loco” o alargamento do cordão defensivo do exercito governamental, naquele tempo em que estava no auge a lógica de “ fazer a guerra para acabar com ela”. Os doze jornalistas, em que me incluo, foram autorizados a falar com os capturados da guerrilha, com os comandantes locais da policia e das FAA e depois com o chefe da missão. Os “ escribas” eram do Lubango e de Luanda. Conhecedor da região ( afinal era na minha provincia e ai residia ) e falando o umbundu tive relativa vantagem sobre os demais. Escolhi, para entrevistar, em entre vários, um senhor de meia idade. Maltrapilho, olhos assustados, esfomeado. O homem, descalço ( suspeito que nunca usou botas militares na vida...), representava apenas um remoto exemplar de um guerrilheiro a moda africana! Falou-me num umbundu vernacular sobre as suas façanhas da guerra! Temia ser preso por muito tempo, fruto da sua captura em terreno de guerra agora ocupado pelo inimigo figadal daquele tempo. Contou-me que os seus companheiros estavam a menos de dez kms, dados depois não confirmados pelas FAA. Depois deste, ouvi outros tantos. O meu dia mais longo numa frente de guerra ia passando, ora ouvindo as estorias e historias de guerra contadas pelos oficias governamentais, ora rabiscando qualquer coisa no meu bloco de notas. As horas passavam. Mesmo em terreno hostil um agradável almoço foi servido e regado com vinho levado do Lubango. Dois bois semi- gordos foram abatidos para a numerosa refeição. Fiquei curioso em saber se o gado foi capturado dos guerrilheiros ou apascentado nas cercanias. O que era quase impossível numa frente de guerra .....

ouvintes

«Um homem que tenha algo a dizer e não encontre ouvintes está em má situação. Mas pior ainda estão os ouvintes que não encontrem quem tenha algo a dizer-lhes» (Bertolt Brecht)

O culto da voz na radio. O regresso....

A RDP quer recuperar culto da voz na rádio. A música já não é a principal atracção da rádio. A Televisão, a Internet e os Leitores de Áudio Digital (LAD) contribuíram para isso, mas continua-se a insistir em estações musicais com play lists de gosto duvidoso. Nestas emissoras, a palavra tem sido ostracizada e, para piorar o cenário de si já muito negro, os noticiários estão - segundo José Mário Costa, responsável pedagógico da rádio pública, em declarações ao jornal "Diário Económico" - «hipotecados à agenda, aos jornais feitos na véspera e às agências de comunicação». Não é de admirar, portanto, que a rádio portuguesa tenha perdido quase mil ouvintes por mês, no último ano. As novas tecnologias permitiram que o tradicional imediatismo da rádio encontrasse rivais nas televisões e nas edições online dos jornais. Uma das armas para que a rádio ainda seja um medium dinâmico e competitivo é a mais antiga forma de comunicação humana: a voz. Assim sendo, é de saudar que a RDP se baseie «no modelo anglo-saxónico da BBC e quer, a médio e longo prazo, assentar a sua informação no “tripé” editor, produtor de informação e apresentador. “O que se passa actualmente é que são os editores a apresentar as notícias, ficando sem tempo para ir atrás das notícias e para as descascar”». Será a formula certa para que a rádio recupere os ouvintes que perdeu? Se não é, pelo menos está no bom caminho. Do Blog Http/ ouvidor.blogspot.com

O fim da radio? Nunca !

“O fim da rádio não é para já”. Esta previsão é de Seth Godin, que nos apresenta no seu blogue algumas das razões porque a rádio ainda está para durar. “A ideia da rádio…a ideia de um fluxo de áudio determinado por um fornecedor externo não vai desaparecer tão cedo. As pessoas gostam”. E porquê? Simples. Os ouvintes gostam de ser surpreendidos. Uma coisa é ter música gravada num qualquer suporte (CD, MD, Cassete analógica, etc.), sabendo o que se irá escutar, outra é ouvir uma música, porventura até arredada da memória, enquadrada por um comentário do animador. É a capacidade de surpreender com o jogo música/palavra que estimula a imaginação de quem sintoniza uma emissora, criando assim um elo emocional agradável entre os ouvintes e a estação radiofónica. É isto a magia da rádio.

sábado, setembro 23, 2006

"Memorias de um guerrilheiro" Orlando Castro

Acabei agora de ler o livro “Memórias de um guerilheiro” de Alcides Sakala, meu velho e querido amigo dos tempos (entre outros) dos bancos da escola no Huambo. Para além de outras considerações, a leitura lembrou-me um artigo de Eugénio Costa Almeida, recentemente publicado no seu http://pululu.blogspot.com/ em que afirma que “independentemente das simpatias partidárias ou do carácter dos mesmos, existem (para além de Agostinho Neto), pelo menos, mais dois grandes líderes que devem gozar do estatuto de Herói Nacional: Holden Roberto e Jonas Savimbi”. Quem ler o livro, ultrapassando as gralhas, as repetições e a descuidada revisão, compreenderá porque, sempre que falo de Jonas Savimbi, recordo a frase que ele me disse, em 1975 no Huambo e a propósito da sua determinação em defender os milhões que têm pouco em detrimento dos poucos que têm milhões: «Há coisas que não se definem - sentem-se». Quem ler o livro compreenderá porque, no seu primeiro discurso como presidente da bancada parlamentar da UNITA, Alcides Sakala disse: "Vivemos numa sociedade marcada pela riqueza excessiva de uns e pela pobreza extrema da maioria». Alcides Sakala tem a sabedoria de quem sentiu, tantas e tantas vezes de forma dolorosa, os dois lados da História de Angola e, honrando esse conhecimento, luta para que os milhões que têm pouco passem a ter algo mais. Juntando a experiência das matas à dos grandes areópagos da política internacional, Alcides Sakala mostra que nunca se esqueceu que Angola não se define – sente-se. E de uma coisa todos podemos ter a certeza: Alcides Sakala sente Angola como poucos, como muito poucos. Sente Angola como a sentiu o Mais Velho. Orlando Castro

sexta-feira, setembro 22, 2006

REVISTA LUBANGO

Um dos grandes desequilíbrios por mim sentidos, na recente visita que efectuei ao Lubango, foi a gritante falta de informação. Uma falta sentida por um cidadão médio da capital da Huila no dia a dia. O desencanto era menor, no entanto, porque decidi nestas ferias desligar-me das noticias e concentrar-me em trabalhos de investigação histórica sobre Caconda, a vila onde nasci. Mas o vazio informativo, mesmo assim, não foi ultrapassado. Os meios de comunicação social estatais ao que parece estão num “ocaso latente”. Os jornais privados chegam em numero bastante inferior, isto quando chegam. A radio alternativa, a comercial ainda precisa de uma terapia de choque para encontrar o seu norte, depois da sangria que sofreu, levando sarjeta abaixo os laivos da “ independência” da informação e engenhosidade dos fazedores de opinião da altura. Ora, a denuncia, o cruzamento da informação, a opinião de actores sociais diversificados são coisas do passado. Hoje o privilegio vai para o “ politicamente correcto”. Nesta analise, tentei me colocar no lugar do mais comum dos cidadãos. Aquele, que por força destas circunstancias, já não participa nos grandes acontecimentos da sua terra. A imensa Angola é retractada apenas num sentido, o oficial. A Huila, é opinião unanime de quem a conhecei entre 1995 a 2005, regrediu alguns passos no que toca a liberdade de informação. Estes dez anos foram, amiúde, descritos como os tempos áureos para o fomento da imprensa regional. Mesmo com poucos incentivos, a “carolice” de alguns escribas satisfazia as necessidades de informação do grande publico. A critica, velada ou aberta, era uma constante. A submissão era rejeitada. Claro que não estávamos perante realidades tão distantes como aquelas transmitidas pelo jornal local OMUKANDA, do falecido Miguel, o Kassana ou o César André, mas a informação na Huila era válida. O ocaso que se regista hoje é, no entanto, ligeiramente sacudido por uma publicação local nova , conhecida como REVISTA “ LUBANGO”. O magazine tem qualidade, com altos custos. Redacção local, impressão no estrangeiro e toda colorida. Um exemplar me foi oferecido, por um dos jornalistas percursores da iniciativa. Fui informado que devia ser de âmbito municipal, retractando apenas o Lubango, mas depois foi “ abocalhada” pelo governo provincial. Nada mau. O fomento da imprensa regional volta a ganhar fôlego, mas como se nota só informação oficial pode ai parar. A revista tem qualidade, bons jornalistas, mas( ainda) não satisfaz a necessidade de informação na Huila. Bem haja a iniciativa e que viva muito tempo a revista Lubango.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Um recado para a " FBM - agua da Chela"

DE UM INTERNAUTA RECEBI ESTE EMAIL: " Atn. Manuel Vieira- Angola Buscando en Internet la direccion de Agua de Chela, aparecio su blog y despues de leerlo y ver su lema " la suerte persigue a los audaces " me he permitido en nombre de mi compañia, el dirigirme a Ud. para contarle que nosotros estamos interesados en contactar via e-mail si es posible, con la Compañia Agua de Chela, porque nuestra empresa trabaja en el Sector de la Industria de Aguas Minerales, - Diseña, cosntruye y monta Lineas completas para el embasado de Agua Mineral,- quisieramos saber como contactar con esta industria. Aunque veo que Ud. no se dedica a este negocio, si por su mediacion pudieramos realizar este contacto y comenzar algun proyecto, Ud. tambien podria participar de algun beneficion economico. Si quiere contestar sobre este asunto, tiene mi correo electronico arriba. Un cordial saludo de un Ingeniero "audaz " Ing. Jose L.Avarez "

E a Huila ai pertinho ....

Um arejado governador do Cunene apareceu, nesta quinta 21, aos microfones da radio do estado, dizer aquilo que há muito já se dizia, mas que como quase tudo neste país, infelizmente, deve ser assumido primeiro pelas lideranças politicas e depois o " povo em geral" fazer (?), se possivel, a sua parte. Pedro Mutindi, disse, palavra menos palavra, que cerca de dez por cento da população do Cunene está infectada com o virus da morte, SIDA. A igreja já denunciou, ninguem ligou; as Ongs alertaram fiseram ouvidos moucos. Contudo, " mas vale tarde do que nunca". O governador, arejado como já disse - conhecedor da provincia ( alias lá anda a mandar a mais de 25 anos !!) - disse ainda que quem não está infectado, está pois claro afectado. Nada mais certo... Com o alcance da indepdencia da Namibia, a prostituição aumentou exponecialmente na fronteira com Angola. Jovens houve que desistiram de tudo no Lubango e rumaram para dar o corpo na fronteira. Pior, com a falta de oportunidades na Huila, o Cunene era solução para muitas (os). E agora, nota-se a solução! Se o Cunene está assim, fruto da circulaçao facil com a Africa do sul, com o Botswana e com a Namibia, quem arrisca a falar sobre a prevalência na vizinha Huila.È que a Huila é ai tão pertinho ... Manuel Vieira

Um criador de emoções!

Folheando mais um obra do nosso " Camões", Artur Pestana, reavivei por momentos o meu primeiro encontro com o homem das letras. Foi numa terça feira, no inicio do ano. Depois dos contactos preliminares lá fomos ( com o companheiro João) ao encontro de Pepetela. Proposemos uma hora de entrevista para o programa " discurso directo" da catolica. Dez horas e lá estavamos nós no portão de uma vivenda no Miramar, um dos mais "chiques" bairros da capital, onde de uma só sentada encontram-se embaixadas, sedes de empresas de monta e até a nova casa do " boss cá do sitio"! Uma jovem veio ter com os escribas e segundos depois estavam no interior da moradia. A humildade do sociologo, convertido em celebre escritor foi a primeira nota que me passou pelos olhos. Começamos por falar de tudo um pouco, mas depois o fio condutor da entrevista foi reafirmado, recomposto.Falamos do " Predadores", o livro que devia sair na epoca. Ficamos a saber que Pepetela é quase alergico a entrevistas. Ficamos a saber, também, que o livro seria um " retracto mordaz" da realidade conteporanea, passeando pelos mais variados assuntos da vida nacional tendo na trama um "trambiqueiro politico", um prototipo dos vorazes dos dias de hoje. Uma entrevista memoravel para alguem , como eu, que passei o fim da infancia e boa parte da adolescencia viagando nas "letras esculpidas" em obras como " As aventuras de Ngunga", " LUeji" ou " Maiombe". Pude satisfazer curiosidades e perguntar o que quis. O homem discorreu sobre a politica e o seu desecanto, o 27 de Maio, o poder popular, os jornalistas, os escritores e o mundo de hoje, o vinho, a minha Huila, o gado, o conflito de terras e por aí alem.... A entrevista seria feita em uma hora, mas ficamos mais tempo. Parece que o professor Pepetela chegou mesmo a faltar em algumas aulas que devia dar! Ao sair do local fiquei com a posiçao reafirmada de que estava, realmente, ao lado de um dos mais importantes " criadores de emoções" literárias deste país. Manuel Vieira